Existem alguns dados que nos chocam, ou pelo menos deveriam. Um deles é o fato de que somente 4,7% das startups são fundadas apenas por mulheres, e apenas 5,1% são cofundadas por mulheres. Se temos cerca de 52% de mulheres na nossa população, temos em mãos informações que deveriam nos indignar.
Quais são, então, os desafios encontrados por mulheres no ecossistema de startups?
Analisando estudos como o Distrito Female Report 2021, e com base nos meus anos de trabalho como mentora de empresas, alguns pontos podem ser elencados.
O primeiro é o fato das mulheres muitas vezes não terem uma base de apoio para se dedicarem às empresas. Aqui me refiro aos cuidados com os filhos, com a família e com a casa, ainda atividades predominantemente femininas. A divisão do trabalho doméstico é, ainda, uma forte questão a ser discutida em sociedade.
A rede de contatos é outro desafio que precisa ser vencido pelas mulheres no ecossistema. Uma forte rede de contatos não somente ajuda a superar problemas nas startups como também é fonte de aprendizado e novos negócios. O network é importante também para encontrar sócios e para captar investimentos.
A lista de desafios pode se alongar ainda por muitos tópicos, mas gostaria aqui de ressaltar apenas mais um: a captação de investimentos, fundamental para o crescimento das startups. As somente 4,7% das startups lideradas por mulheres receberam, apenas, 0,04% do montante investido em startups durante o ano de 2020 (Distrito, 2021). E esse valor não mudou muito ao longo dos últimos 10 anos. Dados como esse nos mostram que o viés de gênero é presente de forma muito forte no ecossistema de startups, e que somente com discussões e apoio poderemos incentivar o surgimento e crescimento de soluções tecnológicas lideradas por mulheres. Assim poderemos ver o surgimento de mais lideranças femininas nesse ecossistema, contribuindo para mais avanço tecnológico da sociedade, e consequentemente um olhar com mais diversidade.
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